A dinâmica fotossintética da espécie pioneira tropical Byrsonima sericea DC. foi estudada durante o processo de regeneração de uma mata nativa por avaliações ecofisiológicas (trocas gasosas, fluorescência da clorofila a e conteúdo de pigmentos fotossintéticos) e parâmetros anatômicos das plantas em ambientes ensolarados e sombreados. As avaliações ecofisiológicas foram feitas mensalmente por um ano e os dados foram agrupados em estação seca e chuvosa. Byrsonima sericea DC. apresentou plasticidade anatômica que a capacita a se estabelecer em ambientes com contrastantes condições luminosas. Nas condições ensolaradas, ela produz lâmina foliar mais espessa (cerca de 420 µm) e epiderme adaxial plana, enquanto em ambientes sombreados, as folhas apresentaram a epiderme convexa e lâmina mais delgada (cerca de 393 µm). Não foram encontradas diferenças significativas na composição de pigmentos em função do ambiente, no entanto, durante a estação seca, as plantas apresentaram concentrações significativamente maiores de pigmentos fotossintéticos. As plantas de ambientes ensolarados mostraram diminuição na razão Fv/ FO (na estação chuvosa) e NPQ (na estação seca), mas não foram observadas diferenças entre as plantas de sol ou sombra numa mesma estação do ano. Taxas fotossintéticas significativamente maiores foram encontradas na estação chuvosa para as plantas de sol quando comparadas com as plantas de sombra (9.9±0.8 e 7.4±0.3 µmol m-2s-1, respectivamente). Aumento significativo na transpiração foi observado em plantas de sombra durante a estação seca, mas sem afetar a eficiência no uso da água. Dados ecofisiológicos sugerem que, principalmente as plantas mais expostas ao sol sofreram limitações hídricas durante a estação seca e que, na estação chuvosa, estas plantas aumentaram sua taxa fotossintética. Isso possivelmente foi devido a maior força de dreno resultante do maior crescimento neste período. Os dados sugerem que alterações anatômicas, especialmente a epiderme adaxial convexa, estariam auxiliando na captação de luz nas plantas sombreadas durante ambas as estações, prevenindo alterações nos pigmentos, como o aumento de clorofila b geralmente observado em plantas de sombra, mas não detectado no presente estudo. Outra conseqüência da maior quantidade de luz capturada por estas plantas de sombra foi que, durante a estação seca sua taxa fotossintética não diferiu da das planas de ambientes ensolarados. No entanto, quando a água não foi um fator limitante, um melhor desempenho fotossintético foi observado nesta espécie pioneira, em ambientes abertos.
The photosynthetic dynamics of the tropical pioneer species, Byrsonima sericea DC., were studied during the regeneration process of a native forest by evaluating ecophysiological (gas exchange, chlorophyll a fluorescence and photosynthetic pigment contents) and anatomical parameters of plants in sunny and shady environments. Ecophysiological evaluations were carried out monthly for one year, encompassing both a dry and a rainy season. Byrsonima sericea DC. presents anatomical plasticity that enables it to establish in environments with contrasting light regimes. In sunny conditions, it produced a thicker leaf (about 420 mm) and flat adaxial epidermis, whilst in the shade, leaves had a thinner convex adaxial epidermis (about 395 mm). No differences were found in the compositions of the pigments in the different environments, however, during the dry season, the plants presented a significantly higher concentration of photosynthetic pigments. In the sun, plants showed decreases in Fv/F0 ratio (in the rainy season) and NPQ (in the dry season), but no difference was observed between plants that were in the sun or in the shade. A significantly higher net photosynthetic rate was found only in the rainy season in the plants in the sun, compared to shaded plants (9.9±0.8 and 7.4±0.3 µmol m-2s-1, respectively). Significant increase in transpiration was observed in plants in the shade during the dry season, but no alterations were observed in the water use efficiency. Ecophysiological data suggest that mainly plants overexposed to the sun underwent water limitations during the dry season and that, in the rainy season, these plants increased their net photosynthetic rate, possibly due to the greater drainage force resulting from increased growth during this period. Data suggest that anatomic alterations, namely the convex adaxial epidermis, could aid in the supply of light to shaded plants during both seasons, precluding changes in the pigments, such as the increase in chlorophyll b usually observed in shaded plants, but not detected in the present study. Another consequence of the greater quantity of light captured by these shade plants is that during the dry season their net photosynthetic rate was not different from that of plants in a sunny environment. However, when water was not a limiting factor, a better photosynthetic performance was observed in this pioneer specie in open spaces.